quinta-feira, 7 de novembro de 2024

POSSE DE MARIA HELENA CORGOSINHO PENA...

 


E assim continuamos a existir...
A Academia Itaunense de Letras, ao comemorar seus 9 anos de existência tem o prazer de receber uma nova acadêmica. Seja bem-vinda Maria Helena Corgosinho Pena. 



domingo, 27 de outubro de 2024

ALINHAVO

 

Phonteboa

Um linha fina e tênue ligam ponto a ponto.

Seguram páginas,

Conectam ideias

e santificam sentidos.


Cada livro, cada texto produzido

são palavras alinhavadas,

como as folhas dos livros

presos por linhas frágeis

alheia a vontade das folhas.


As palavras alinhavadas

nas linhas frágeis e finas

das ideias

revelam vidas 

compartilhadas,

entrelaçadas.


As palavras são espelhos

onde as ideias se olham,

se reconhecem

e se espalham.


Aguardam serem vistas,

observadas,

escutadas,

sentidas...

só assim ganham

vida.



sábado, 26 de outubro de 2024

Enigma

Roma Azevedo



         

  
     


Andando sobre a areia,
Ouço o canto do mar.
A onda lambe meus pés como uma carícia
Ao som da cantiga do mar.


Quando a onda retorna
De onde veio, sei lá,
Deixa desenhos na areia
Que me fazem pensar:
Que mistérios são esses
Que o mar me quer revelar? 


Por mais que eu queira desvendá-los
Continuam a me enganar, 
Como os caminhos da vida
Por onde tenho que caminhar.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

PROFESSOR José Gomes Miranda - PROFESSOR José Miranda - PROFESSOR Miranda: OBRIGADO.


O acadêmico Hélvio Marques, compartilha conosco o poema  encontrado pelo neto do nosso querido Professor Miranda.. E com esta publicação a Academia Itaunense de Letras - AILE faz homenagem a este homem que foi professor de forma plena. Itaúna deve muito a este PROFESSOR. O quanto aprendemos com este PROFESSOR, tanto que este homem José Gomes de Miranda integrou ao seu nome o título que honra a todos nós professores, José Gomes Miranda, se tornou PROFESSOR JOSÉ GOMES MIRANDA, para alguns PROFESSOR JOSÉ MIRANDA  e para os mais próximos PROFESSOR MIRANDA.

CREIO

Creio em mim, na minha determinação pensada.

Creio nos que me lideram e comigo buscam as mesmas estradas,

se com amor temperam gestos.

Creio nos amigos, pois me tornam a vida mais leve, fluida...

Creio sobretudo em Deus, fonte de toda força para o bem, 

e milagre imenso do quanto me cerca!

Creio nas preces que sobem ao alto, como o fumo dos incensos, 

pois me alimentam de caridade e paciência, ao sentar-me junto aos incrédulos;

Creio nas mãos que trabalham, se dignificam a casa do operário, 

e lhe garantem o pão dos filhos.

Creio na vitória dos que lutam, se respeitam o pranto dos vencidos 

e com eles concertam partilha justa.

Mas não creio estar limpo no mundo, quem, ao partir, não o deixa melhor;

Mas não creio isento de culpa, quem, diante de uma flor ou de uma estrela,

- apagada que seja - não sinta nesta sorte a presença d'Aquele que mantém a vida, 

e sustenta os mundos.

José Gomes Miranda


domingo, 25 de agosto de 2024

O silêncio de meu pai


 Texto de Charles Aquino

publicado originalmente no blog "Itaúna Décadas"
https://itaunaemdecadas.blogspot.com/2024/08/o-silencio-de-meu-pai.html
 

O poema “O Silêncio de Meu Pai”, escrito pelo professor Phonteboa e incluído no minilivro “Presença Paterna” – uma obra de dimensões singulares (2,6 x 3,4 cm) e fonte no tamanho 4,5 –, é uma peça literária cuidadosamente elaborada para "afetar" profundamente seus leitores. Lançado em 2024, este minilivro, apesar de seu formato diminuto, revela-se grandioso em cada palavra, ampliando-se em significado à medida que o leitor mergulha na mensagem que o autor pretende transmitir. Phonteboa destaca que cada um tem seu próprio jeito de se tornar presente, e é precisamente essa presença silenciosa que o poema captura com maestria.

O poema explora a profundidade e a complexidade do silêncio como um meio de comunicação poderoso e, muitas vezes, subestimado. Através do silêncio do pai, o eu lírico experimenta uma conexão íntima e profunda que vai além das palavras. Este silêncio é apresentado não como ausência, mas como presença repleta de significados e sentidos, algo que ocupa "todos os espaços" do ser do filho, desencadeando reações e reflexões profundas.

A insistência em falar, por parte do filho, pode ser vista como uma tentativa de preencher um vazio que, na verdade, não existe, pois o silêncio do pai já está pleno de significado. Isso reflete a dificuldade humana em aceitar e compreender o silêncio como uma forma legítima e rica de comunicação, especialmente em uma sociedade onde o falar é muitas vezes mais valorizado que o ouvir.

À medida que o poema avança, o silêncio do pai adquire uma dimensão transcendente. Torna-se "uma pausa no barulho do mundo", um momento de introspecção e busca por novos significados, novos pensamentos. É neste ponto que o silêncio se transforma em eternidade – quando o pai se vai, seu silêncio permanece como um legado, algo que agora o filho compreende em sua totalidade.

O desfecho do poema é especialmente tocante. O eu lírico, ao perceber a eternidade do pai no silêncio, cala-se, indicando que finalmente compreendeu e aceitou o poder desse silêncio. O silêncio do pai não é mais algo a ser preenchido ou rompido, mas respeitado e honrado.

Em termos literários, o poema utiliza a repetição do verso "O silêncio de meu pai" para enfatizar a centralidade dessa ideia na vida do eu lírico. O uso de paradoxos, como "o silêncio que comunica" e "o silêncio que ocupa todos os espaços", reflete a complexidade do tema e a rica ambiguidade do silêncio como uma forma de expressão.

No geral, o poema é uma reflexão profunda sobre a comunicação não-verbal, o legado dos pais, e a transformação do silêncio em um espaço de memória e conexão espiritual. É um convite à introspecção e à valorização dos momentos de quietude, tanto na vida quanto na morte. O professor Phonteboa, com sua obra pequena em dimensões físicas, mas imensa em profundidade emocional, nos lembra que a presença se manifesta de formas diversas e que o silêncio, muitas vezes, é a mais eloquente delas.

O SILÊNCIO DE MEU PAI

O silêncio de meu pai era repleto de significados...
Estava ali ao meu lado por um longo tempo sem pronunciar som algum
E como comunicava

O silêncio de meu Pai ocupava todo os espaços de meu ser
E provocava em mim reações descabidas
E eu insistia em falar...
E não ouvia plenamente o silêncio de meu pai.

O silêncio de meu pai
Era uma pausa no barulho do mundo
Era uma busca de um novo sentido
De um novo momento
De um novo pensamento

O silêncio de meu pai
É agora eterno
E, então, percebo que meu pai tornou-se eterno
No próprio silêncio 
No silêncio que era o silêncio de meu pai.

No silêncio de meu pai
Calo-me
.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Poeta

 

Aaron Miguel de Souza Oliveira
(Escola Estadual Geralda Leão)
 
Um poeta vagando como águas em uma ladeira, 
perdendo a postura e falando asneiras.
Mas sinceramente, esse poeta hoje cai, porque a poesia volta 
e QUE ESTRAGO QUE ELA FAZ
 
E foi trago esse estrago como o vício de “apenas mais um trago”
Porém, esse meu cigarro não é palha, me perdoa vício, 
ele é o mais puro dentre TODOS os sacrifícios
 
Como um poeta louco, escrevendo tudo o que não se pode cumprir, 
mas convenhamos, as poesias são boas 
porque podemos imaginar e refletir


Sendo o poeta sonhador que de dia sonhou 
como seria vida com ela, 
tão sonhador que à noite deitou sua cabeça no travesseiro pensando nela

– “Ela?”

– “Sim, Ela”

– “Mas, ela quem?”

– “Ela, aquela que meu coração vai acender como uma vela, 
que vai trazer luz com o abrir das cortinas de tais janelas”


Aquela que tenho esperado por toda minha vida, 
que eu prometerei lua e estrelas na sua vinda

Aquela que é radiante como o dia, que fará ao 
que escreve textos sobre dores, voltar à poesia

A poesia voltou, e voltou como um remédio 
forte com efeitos colaterais, te curou da tristeza,
do desânimo e até bem mais

Falei da cura mas os efeitos colaterais não sumiram, 
clima novo, o calor voltou ao corpo que estava frio, 
lentes novas, vendo sentimento onde os outros não viam

– “Mas e os sentimentos hein?? Continuaram os mesmos?”

– “ (ironia) *Continuaram, claro* continuaram como opostos”

A tristeza se foi e a alegria chegou, desânimo saiu e o ânimo entrou

Os poetas são ridículos, escrevem poesias ridículas, f
azem promessas ridículas e falam sobre um amor ridículo

Mas a paixão pelo o que fazem tornam suas escrituras 
e suas promessas romantizadas.

– “Mas e quanto ao amor ridículo?”

– “Se torna ridiculamente real, como as ações de uma pessoa amada”
 
O poeta encontrou ELA, e a poesia se cumpriu, 
um clichê vivido, um amor sonhado, enfim, tudo aquilo que o ódio mentiu 

Flores compradas, chocolates divididos, 
o amor que fora sonhado hoje foi desenvolvido

–“Você ainda acredita no amor?”

– “Claro, no meio da escuridão, foi ele que me iluminou”

– “Você anda vivendo esse amor?”

– “Sim, eu vivo esse amor desde que a poesia me encontrou”

– “Pretende continuar escrevendo sobre ele?”

– “Escreverei sobre a vida, serão meus autorretratos sentimentais em versos”

– “Se sente bem escrevendo sobre sentimentos?”

– “Obviamente, sentimentos são confusos, mas são lindos, pois são diversos”
 

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Minas e sua cultura

Autores (alunos da Escola Escola Estadual Leonardo 
Gonçalves Nogueira, situada no Bairro 
Jadir Marinho (Itaúna-MG):

 Maria Eduarda da Silva Lima 
Livea Leandra Vargas Silva
Brandon Henrique Silva Pereira


Minas Gerais, a terra de mil encantos,

Estado onde a história e a natureza nos ecnantos.

Montanhas, rios e cidades tão singelas,

Que  nos acolhem mostrando sua getiliza.


Do pão de queijo ao doce de leite, 

Sabores que aquecem o caração.

E as cidades históricas, com seu passado tão reluzente,

Contando seus segredos em cada construção.


Minas, terra de artista e poetas,

Que enaltecem sua beleza singular

Com versos e melodias que ecoam pelo ar,

Celebrando também esta terra de tanto esplendor.


No interior de Minas Gerais, um som peculiar irá de ouvir,

O Sotaque que encanta é o mesmo que faz o coração sorrir.

As vogais arrastadas e as consoantes suaves,

Dão vida à fala dos mineiros, de uma forma tão singela e cativante.


É um jeito manso de contar as histórias, 

Do "uai" ao "trem" logo estará a se entrelaçar,

O sotaque mineiro é música para os ouvidos.

Que nos leva a viajar sem ao menos sair do lugar.


"O trem apita na estação,

Levando histórias e emoção,

Pelos trilhos de Minas a cortar,

A paisagem a deslumbrar."


O café

Poema escrito pelo estudante Lucas Gabriel Resende Máximo, aluno do 8° ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Leonardo Gonçalves Nogueira, situada no Bairro Jadir Marinho (Itaúna-MG)


No aconchego da xícara, o café repousa, 

Aroma que dança, sabor que encanta, 

Do grão ao líquido, a magia se avoluma, 

Nas manhãs frias ou nas noites de calma.


Das plantações distantes do nosso lar,

Viaja o néctar que nos aquece o peito, 

Em cada gole, um mundo a desvendar, 

Histórias contadas em cada cafezinho perfeito.


No vapor que se eleva, há mistério e poesia, 

Nas conversas que surgem, a vida se desvela, 

O café, esse elixir que nos guia a cada dia, 

É o combustível da alma, a essência mais bela.


Do expresso intenso ao cappuccino cremoso,

Cada variação, uma nova experiência, 

Um convite ao encontro, um momento precioso,

Café, símbolo de amor e de convivência.


Que nunca falte o café na nossa jornada, 

Que seu sabor nos inspire e nos acalente, 

Pois em cada xícara, uma história é contada, 

E em cada verso, um brinde à sua essência presente. 


sábado, 18 de maio de 2024

RECADO A MAMÃE

Elina Dirce
 


Mamãe:

Eu nada era.

Você me deu a vida

e me fiz um pedaço de gente.

Eu nada podia.

        Você abriu sua dedicação

        e me ensinou os primeiros passos,

        as primeiras palavras,

        o contato imediato com o mundo.

                Eu nada entendia da vida.

                Você abriu sua inteligência

                E me ensinou a observar,

                e me ensinou a sentir,

                e me ensinou a conviver.

                    Eu nada tinha.

                    Você abriu sua generosidade

                    e me dispensou cuidados,

                    e me deu carinho,

                    e me deu segurança,

                    e me deu o mundo.

                        Se eu choro, você me abre um sorriso

                        e, no sorriso amigo, o choro se esvai.

                        Se eu tenho medo, você me abre os braços

                        e, no abraço seguro, o medo se desfaz.

                        Se eu faço sucesso, você se derrete em orgulho

                        e, pelo seu orgulho, me sinto mais capaz.

                        Se preciso de ajuda, você abre o seu tempo

                        e tem tempo pra mim,

                        e me faz confiar mais em mim.

                        Se faço das minhas você fecha a cara.

        Mas o amor é demais!!!

        E você abre a cara pra me perdoar...

                                                                            Ah, Mamãe!

                                                                            No seu belo exemplo

                                                                            de abrir-se pra mim,

                                                                            aprendi a grande lição

                                                                            de abrir-me pra vida.

                                                        Ah, Mamãe, Você é só Você!!!



domingo, 12 de maio de 2024

COLMEIA

 Poema em homenagem aos Dias das Mães

Poema de autoria de Maria Lúcia Mendes, lido por Geraldo Phonteboa.



Leitura feita pela própria autora






quarta-feira, 1 de maio de 2024

Crochê

Roma Azevedo     

Ponto a ponto
Vão se juntando os pontos
Ponto alto, ponto baixo,
Ponto médio, ponto vazado, 
Ponto altíssimo, ponto cheio...
Às vezes a linha embaraça, 
Há que desmachar os nós,
Se quiser continuar.
Outras descobre-se erro no ponto,
Desmancha, começa de novo
Entre altos e baixos,
Desembaraça, desmancha, 
A peça vai se formando.
Entre nossos altos e baixos
Crochê e vida se misturam:
Nós somos a linha do crochê
E nós mesmos crochetamos nossa vida.
Agulhadas, subidas, descidas,
Faz, desfaz e refaz
Crochê de nossa história de vida.

domingo, 28 de abril de 2024

Quantos?! Tantos!

Aline Pâmela                 

Talvez a luz que vá
incendiar nossa vida esteja
no "não vai dar certo" que
insistimos em dizer!

Quantos "não vai dar
certo" já nos impediram de
arriscar?

Quantos caminhos
improváveis já deixamos
de caminhar?

Quantas bençãos já
deixamos de receber?

O quanto da vida já
deixamos de viver?

* Poema apresentado pela acadêmica Roma Azevedo no momento cultural da Academia Itaunense de Letras - AILE em 27/06/2024

sábado, 27 de abril de 2024

A pandemia da COVID! Reflexões de um médico.

 

Dr. Elvio Marques               

        Aos quatro dias do mês de dezembro de 2023, nossa turma da Medicina de Itajubá completará 40 anos de formatura! Muito chão, experiências, vivências, enfim quilômetros e mais quilômetros rodados; uma caminhada enorme. Mas o que isso teria a ver com a pandemia do Coronavirus?
        Passei nestes anos por várias tribulações como os surtos de meningite, H1N1, dengue entre outras, mas com o poder destruidor e avassalador do CORONAVIRUS, confesso que nunca ví antes!
        O mundo não é mais o mesmo, aliás existe hoje o antes e o pós coronavirus.
        Dizem alguns que o Criador permitiu esta doença entre nós por inúmeras razões entre elas para demonstrar nossa pequenez, a fragilidade do ser humano e para unir e fortalecer as famílias.
        Quem de nós não perdeu um parente ou conheceu alguém que nos deixou e olha que pessoas jovens e relativamente saudáveis morreram.
        Os desafios são enormes e em pouco prazo a ciência desenvolveu vacinas e assim muitas vidas puderam ser preservadas.
        Porém algumas pessoas relutam em tomar a vacina e se dizem fortes o suficiente por não terem adquirido a doença, mas se Sabin e outros cientistas fantásticos não tivessem desenvolvido vacinas certamente não viveríamos tanto nem alcançariam os cento e vinte anos hoje.
        Inúmeras lições aprendemos com a Pandemia do COVID: não podemos menosprezar a ciência; vacinas são bem-vindas; devemos estar atentos no dia a dia com relação ao que acontece no mundo; somos humanos frágeis e o mundo muda a cada momento com novos e inúmeros desafios.
        Não é concebível que este vírus tenha sido fabricado em laboratório, mas o livro sagrado fala em pragas.
        Enfim com o bom senso não nós esqueçamos das nossas limitações; viva a ciência!
        Que cada dia façamos o melhor de nós para nosso próximo e nós mesmos e não menosprezemos a ciência que existe para nos ajudar.
        Elvio Marques da Silva
        21/11/2022

terça-feira, 23 de abril de 2024

A magia da Flor do Ipê Amarelo

Maria Solange   

O ipê-amarelo e considerado a mais bela das árvores brasileiras. Além do potencial paisagístico, a sua madeira pode ser usada na construção civil, na marcenaria, na carpintaria e na confecção de barris para o envelhecimento de cachaça. Conhecidos, pela sua reisitência e durabilidade de sua madeira, os ipês também foram muito usados na construção de telhados de igrejas do século XVII e XVIII, o que permitiu a convervação desses patrimônios históricos ao longo de muitos anos.
Na época de inverno, são sempre notáveis os ipês nas margens da rodovia. É gratificante poder apreciar essa árvore majestosa em uma paisagem seca, que não passa despercebida pela exugerância de suas flores amarelas como ouro! É surpreendente a beleza dessa espécie, como seus tons vibrantes e florescem anunciando a chegada da primavera. Ela representa o canto da natureza, sempre resistente e generosa.
Vi, mas precisamente em 2021, em meados do mês de agosto, fiz uma visita de cortesia a um parente de 95 anos na fazenda pouso alegre, município de Formiga, Minas Gerais. Na oportunidade, tive o prazer de observar mais de perto a magia do ipê-amarelo. Sentados no alpendre de sua casa, ficamos em frente a um ipê bem florido.
 Conversa vai conversa bem, fiz uma observação sobre a nobre e a beleza das flores da árvore logo, o senhor me perguntou se eu já vi observado com a sua flor cai no chão. Eu disse a ele que nunca tive a oportunidade de ficar observando esse fenômeno. Então, ele me convidou a olhar e prestar atenção com quietude.
 Aceitei prontamente o convite e fixamos nossos olhares na frondosa árvore sem desviar os olhos, ficamos observando como são exuberantes aqueles cachos de flores em amarelo intenso. Assim, ele foi relatando o que estávamos vendo e observamos que as flores possuem uma forma de funil, como se fossemos uma cornetinha. Quando elas desprendem do galho, com a ação do vento, vão rodando de forma helicoidal e caem no chão com o caule para baixo e a flor para cima. Esta constatação e experiência deste momento único nos proporcionaram uma alegria e energia arrebatadoras, de leveza e paz n'alma.
 Ao caírem no chão, as flores formam um tapete amarelo debaixo da árvore. Elas são muito frágeis e com três meses se perdem ponto na época da floração. Com a pastagem como a pastagem está muito seca, o gato também se beneficia com um novo cardápio, alimentando-se com esses banquetes de flores amarelas. O sábio senhor relatou que não é salgado que gosta da Flor do Ipê: as maritacas também apreciam muito.
 Encantada com a oportunidade de observar de perto o ipê-amarelo, despertou meu interesse em ler mais e realizei pesquisas sobre esta espécie ponto descobri que alguns estudiosos concluíram que o ipê é uma planta comestível e suas pétalas têm um leve amargor, além de uma fragrância adocicada com o seu sabor se compara ao da alface ou almeirão. As pétalas podem ser cozidas ou cruas, servidas em saladas temperadas com limão, molho de soja e azeite, ou então acompanhadas de legumes, salteadas e douradas com alho e manteiga.
 Ainda, durante a pesquisa, li um dito popular que diz que a flor de ipê não cai na poeira. Ou pelo menos não caia quando o clima tinha certa regularidade. A floração do Ipê Amarelo do Cerrado ocorre entre os meses de agosto e setembro e dura aproximadamente 15 dias. Isso quer dizer que irá chover dali a 15 ou 20 dias, quando as flores caíram para dar início ao nascimento da sementes que delicadamente viajam pelo vento até cair nas proximidades.
 Bem no final do inverno, os dias são secos e a árvore se mostra em meio à sequidão, como uma liberação de raios solares em suas flores amarelas. É mágico e belo que acontece. Como um ritual, o ipê desenha sua trajetória de transformação. Esta é uma celebração de Pura Magia e encantamento! A certeza da renovação da volta do colorido em meio ao cinza, do frescor e das bênçãos primaveris


 


domingo, 21 de abril de 2024

Tiradentes

 

Raimundo Rabello   

        A família de Tiradentes foi declarada "infame" e proscritos seus membros, pelo regime português, na Devassa da Inconfidência, sofrendo consequências jurídicas pérfidas em tal situação, como sequestro de bens, casa arrasada e salgado seu chão. O mesmo que acontecerá com o herói da resistência de Pitangui, Domingos Rodrigues do Prado, (...).
        Quando a sorte do Vigário de Pitangui, o padre-doutor Domingos da Silva Xavier, não deve ter sido ela menos penosa, ainda que talvez tenha ficado (além da perda do irmão) só no terreno da humilhação que as autoridades impunham aos parentes dos condenados pela revolta de Ouro Preto. Isso talvez porque, no regime do Padroado, o Rei não confrontasse a Santa Sé. A tonsura era respeitada - os padres eram ministro de Cristo. Mesmo aqueles responsáveis por ilicitudes e crimes comuns, tratados com benevolência, costumes corrente, curial.
        Não era o caso. A família de Tiradentes estava alijada da sociedade. Estava juridicamente morta. Viveriam como árias. O crime do Vigário da Vara da Freguesia da Vila de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui, era o de ser irmão de Tiradentes.
        O fato é que nada se encontra nos arquivos da Paróquia em que atuou o Padre Domingos até o suplício de seu irmão, Protomártir da Independência.
Daí a pertinência da opinião - que reproduziremos a seguir - expedida pelo pitanguiense monsenhor Vicente Soares, outro Vigário da Vara da Freguesia, estupefato por não haver encontrado nada sobre o padre Xavier, irmão de Tiradentes, nos arquivos da Vigararia local, em cujos documentos pesquisou por longos anos para editar sua preciosa obra A História de Pitangui. (Os registros que encontrei e citarei são da esfera cível, que a mão da repressão não teve modos talvez de destruir). Foram 13 anos como Vigário da Vara e advogado, até a prisão dos Conjurados.
        Eis o que anotou o percuciente reverendo historiador:

"Possivelmente a infâmia decretada contra a memória do glorioso mártir da Inconfidência Mineira (Tiradentes) haja contribuído para que não fosse lembrada em Pitangui a atuação do Padre Domingos da Silva Xavier" (Soares, Padre Vicente. A história de Pitangui. 1972, pág. 343)

[...]

Para saber mais sobre esta história leia as págians 256ss da Revista a Academia Itaunense de Letras - Volume 2, de 2022...

Tiradentes de agora

Phonteboa           


No Romanceiro da Inconfidência ecoa,
A saga de Tiradentes, audaz e forte,
Que pela liberdade se entoa,
Em versos que o progresso suporta.

Do herói mártir, a voz ressoa,
Nos cantos que o futuro conforta,
Em cada verso, a história se avoa,
Com a coragem que o país transporta.

Tiradentes, símbolo de luta e esperança,
Que inspira novos tempos brasileiros,
Em sua trajetória, a mudança avança,

Erguendo bandeiras de ideais verdadeiros,
Seu nome ecoa na história, criança,
Desafiando forças reacionárias, passageiros.


quinta-feira, 18 de abril de 2024

Emanharado de Emoções

 Maria Vilela George      

Estas fitas são partes
Que formam um conjunto, tudo junto
Há neste conjunto partes distintas
Que se olhadas bem de pertinho
Elas têm algo especial
Apesar de parecer tudo igual.

Umas são compridas, outras curtinhas
Uma são duras, outras suaves
Essas aqui, mas grossas e densas
Ah, essas fitas, cada uma com suas cores.
Tão diferentes e tão iguais
Que acabam sendo bem originais.

Essas fitas com suas belas cores
Se parecem com minhas emoções
Fico vermelha de raiva
Azul de tristeza e até verde de pavor
E minha face fica assim rosada
Quando o coração explode de amor.

E radiante como um sol amarelo do meio dia
Fica este este coração menino
Quanto se enche de alegria
Ah, essas fitas, essas emoções
Tudo junto, formando este belo conjunto
Que sou eu, que é você, que somos nós.


domingo, 14 de abril de 2024

A solução final, destruir ou construir?

Lauer Araujo                


        Constatamos que muitos seres vivem no mundo de fantasia sem perceberem que a realidade os ronda exige um correto posicionamento.
        Erros e equívocos vêm se acumulando ao longo dos séculos -  as falhas são repetitivas -  o que provoca imensos prejuízos.  não se pode falar de evolução quando a vida é vivida com base em falsos conceitos e preconceitos.
        Ainda que a humanidade tenha feito progressos fantásticos nos campos da arte, da ciência e da tecnologia, percebe-se notadamente que, nos campos da moral e da ética, a decadência se acentua celeremente.
        Acentua-se a decadência com tendência para a destruição!
        Como? Não é possível, então, a reconstrução da sociedade com base em tudo de bom que já existe, um recomeço?
        Parece que não!  As mentes humanas estão apinhadas com pensamentos destrutivos, demolidores, que tarefa inglória será tentar reconstruir a sociedade.
        Mas, as mentes humanas, estas sim, podem ser revitalizadas através de sua reorganização, de seu ordenamento mental e moral. 
        Como isso é possível?
        Estamos aprendendo que são os pensamentos os que dominam as vidas dos humanos; estes ocupam o campo mental e impõe a sua vontade para os seres.
        Não há liberdade de pensamento. Os seres -  na sua maioria -  são escravos dos Pensamentos, impostos por eles mesmos ou por terceiros.
        Há que fazer, então, uma limpeza Mental para expulsar os pensamentos indesejados os de índole negativa e os que nada oferecem para a evolução dos seres humanos.
         E Quem fará isso?
        Ora, os próprios seres, considerando que cada um deveria ser dono de sua própria vida, de sua existência, e seus feitos, de sua conduta.
        Como isso é possível?
        Da mesma forma como, ao longo da história, alguém incutiu nas mentes humanas pensamentos de índole negativa, como afirmamos, também é possível ali incutir pensamentos de índole positiva.
         Assim como se pode fazer o mal, um dia, agora se fará o bem.
        Desta forma, amparando a vida nos conhecimentos transcendentes, os que estão além dos conhecimentos comuns, a vida individual se transformará gradualmente, progressivamente.
        E quando uma considerável quantidade de homens e mulheres isso houverem compreendido, transformando suas vidas, o conjunto humano mudará a sua apresentação.
        A partir daí, então, uma nova sociedade irá surgindo e no lugar da velha e decrépita cultura que encarna em uma civilização precária, surgirá um admirável mundo novo, um mundo no qual valores e Virtudes de ordem superior serão mais bem praticados.
        E já não haverá mais choro e ranger de dentes, cujos maléficos e incômodos ruídos -  miasmas assustadores -  aos poucos desaparecerão, para dar lugar a um canto feliz, sinônimo da alegria e da felicidade que invadirão os corações humanos.
        Some a distopia e não se cria utopia: teremos um mundo real, maravilhoso, pleno de energia superiores e virtudes essenciais.
        Os pessimistas dirão que tudo isso é impossível, que é sonho irrealizável.
        Otimistas afirmarão que tudo isso acontecerá por determinação divina.
         Realista considerarão que os esforços despendidos pelos seres poderão tornar efetivas tais conquistas, sempre com muita dedicação, muito afã na busca dessas expressões superiores de vida.
        Chegará o tempo em que todas essas visões poderão ser confirmadas.
        Enquanto se espera vamos trabalhando incansavelmente para a vitória final.
        Há que se decretar a verdadeira Independência: a que depende da evolução do espírito individual e formula -  dentro da vida atual uma nova vida -  a que sustentará a realidade de um admirável mundo novo.

(Conclusão do artigo “Admirável mundo novo” publicado na Revista da Academia Itaunense de Letras - Volume II, págs. 173-176)


Que Viagem!

José Flávio              

Por vezes uma ameaça de insanidade me assombra.
É terrível! eu literalmete perco o controle.
Eu tenho medo de sentir-me vazio, um vácuo sem
[minha própria essência.
Sinto-me tão frágil!
Temo enlouquecer.

O grande problema são as pessoas que estão ao
[meu redor, mais próximas de mim.
Eu não quero infligir minhas preocupações ou
[obessões a essas pessoas.
Os delírios são todos meus. Eu devo mantê-los
[apenas para mim.

No entanto, da mesma maneira que ela vem e me
[acomete;
Ela parte e eu recobro a minha sanidade,
É algo indecifrável! eu não consigo, de fato,
[entender as minúcias.
Talvez apenas o meu psicanalista consiga
[desvendar a coisa por completo.
Pode ser que o remédio ajude.
Isso pode ser causado por um desequilíbrio
[químico do cérebro.
Eu realmente não sei.

Nos momentos de angústia, medo e ansiedade
[nós sempre tendemos a recorrer a Deus.
Eu confesso que eu sempre conser o um pouco de
[fé,
Eu preciso manter alguma esperança também.
E depois que tudo acaba,
O que eu sinto é apenas um grande alívio;
E a expectativa de que isso jamais se repetirá.

Que Deus cure todo o sofrimento e feridas
[emocionais que afligiram minha alma.
Baruch Hashem Adonai!
(Louvado seja o Nome do Eterno!)

Hamilton, Ontário, Canadá - 23/02/2022.

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