domingo, 21 de abril de 2024

Tiradentes

 

Raimundo Rabello   

        A família de Tiradentes foi declarada "infame" e proscritos seus membros, pelo regime português, na Devassa da Inconfidência, sofrendo consequências jurídicas pérfidas em tal situação, como sequestro de bens, casa arrasada e salgado seu chão. O mesmo que acontecerá com o herói da resistência de Pitangui, Domingos Rodrigues do Prado, (...).
        Quando a sorte do Vigário de Pitangui, o padre-doutor Domingos da Silva Xavier, não deve ter sido ela menos penosa, ainda que talvez tenha ficado (além da perda do irmão) só no terreno da humilhação que as autoridades impunham aos parentes dos condenados pela revolta de Ouro Preto. Isso talvez porque, no regime do Padroado, o Rei não confrontasse a Santa Sé. A tonsura era respeitada - os padres eram ministro de Cristo. Mesmo aqueles responsáveis por ilicitudes e crimes comuns, tratados com benevolência, costumes corrente, curial.
        Não era o caso. A família de Tiradentes estava alijada da sociedade. Estava juridicamente morta. Viveriam como árias. O crime do Vigário da Vara da Freguesia da Vila de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui, era o de ser irmão de Tiradentes.
        O fato é que nada se encontra nos arquivos da Paróquia em que atuou o Padre Domingos até o suplício de seu irmão, Protomártir da Independência.
Daí a pertinência da opinião - que reproduziremos a seguir - expedida pelo pitanguiense monsenhor Vicente Soares, outro Vigário da Vara da Freguesia, estupefato por não haver encontrado nada sobre o padre Xavier, irmão de Tiradentes, nos arquivos da Vigararia local, em cujos documentos pesquisou por longos anos para editar sua preciosa obra A História de Pitangui. (Os registros que encontrei e citarei são da esfera cível, que a mão da repressão não teve modos talvez de destruir). Foram 13 anos como Vigário da Vara e advogado, até a prisão dos Conjurados.
        Eis o que anotou o percuciente reverendo historiador:

"Possivelmente a infâmia decretada contra a memória do glorioso mártir da Inconfidência Mineira (Tiradentes) haja contribuído para que não fosse lembrada em Pitangui a atuação do Padre Domingos da Silva Xavier" (Soares, Padre Vicente. A história de Pitangui. 1972, pág. 343)

[...]

Para saber mais sobre esta história leia as págians 256ss da Revista a Academia Itaunense de Letras - Volume 2, de 2022...

1 comentário:

Phonteboa disse...

Raimundo Rabello traz nesse seu texto uma importante contribuição para a nossa história regional. Afinal toda esta nossa região: Itaúna, Carmo do Cajurú, Itaguara, Igarapé, Juatuba, Para de Minas, Conceição do Pará, Nova Serrana, Mateus Leme... tudo isso aqui era Pitangui no século XVIII. Vale a pena ler todo o texto disponível na Revista a Academia Itaunense de Letras. Grande abraço, Raimundo Rabello.

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